DOENÇA MÃO-PÉ-BOCA: DIRETRIZES E ORIENTAÇÕES PARA SURTOS

A doença mão-pé-boca é comum em bebês e crianças menores de 10 anos de idade e é caracterizada por febre, lesões na boca e erupções cutâneas (bolhas na pele). Inicia com febre, falta de apetite, mal-estar e com frequência dor de garganta.
Com um nome nada popular, muitas pessoas ainda desconhecem essa doença, e várias dúvidas surgem quando aparecem casos de crianças na escola com esse diagnóstico.
Está doença ocorre com mais frequência em pré-escolares, embora adultos e crianças de qualquer idade também possa contraí-la.
É uma infecção enteroviral (vírus presente no intestino) contagiosa, causada pelo vírus Coxsackie, pertencente à família dos enterovírus, que habitam normalmente o nosso sistema digestivo.
Esse tipo de vírus também pode causar as estomatites (aftas que aparecem na mucosa oral).
A transmissão ocorre através da via fecal-oral, ou seja, pelo contato entre as pessoas, com a saliva, através de gotículas presentes no espirro e tosse, contato com fezes ou outras secreções (inclusive o líquido das bolhas) contaminadas, ou indiretamente por alimentos ou objetos contaminados.
A maioria dos casos acontece no verão, porém alguns casos podem ocorrer em períodos frios, pois o vírus Coxsackie possui grande capacidade de mutação e é capaz de se adaptar a diferentes situações.
Não existe vacina para este tipo de doença, por isso medidas de prevenção, principalmente de higiene pessoal, higiene no manuseio e preparo de alimento s e com objetos de uso comum entre as crianças são indispensáveis no controle dessa doença.
Então essa doença pode ser transmitida:
Se a criança aspirar ar contaminado com o vírus quando uma pessoa infectada espirrar ou tossir.
Tocar as fezes de uma criança contaminada (por exemplo na troca de fralda).
Tocar no nariz (muco), garganta (escarro), de uma pessoa com o vírus e depois tocar nos próprios olhos, nariz, boca.
Tocar em objetos como brinquedos, maçanetas, mobiliário entre outros contaminados com vírus.
SINAIS E SINTOMAS DA DOENÇA PÉ-MÃO-BOCA:
O período de incubação do vírus é de aproximadamente 7 dias.
Febre (38ºC – 39ºC) – mas alguns casos podem ocorrer sem febre. Mal-estar.
Falta de apetite.
Cefaleia (dor de cabeça).
Vômito.
Gânglios aumentados no pescoço.
Desidratação (boca seca e diminuição no volume de urina, para bebês menos de 6 trocas de fralda por dia, menos lagrimas ao chorar).
Pequenas úlceras dolorosas dentro da boca, na língua, na parte interna das bochechas e gengivas (duram de 4 a 6 dias), semelhantes a aftas, o que pode causar inapetência (falta de apetite) e dor ao engolir.
Obs.: nos casos em que as lesões na boca se tornam muito dolorosas, dificultando a ingestão de alimentos e líquidos, a criança corre risco de desidratação, neste caso poderá ser necessária a administração de líquidos no hospital pela via endovenosa (na veia), e medicamentos para alívio da dor na região oral.
Surgem erupções de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas que podem ocorrer também nas nádegas e na região genital, eventualmente podem coçar (duram de 7 a 10 dias).
As bolhas podem surgir também nos joelhos e cotovelos.
Essas erupções tendem a regredir com a regressão da febre (entre 5 e 7 dias aproximadamente), mas as bolhas na região da boca podem permanecer até 4 semanas.
AFASTAMENTO DAS CRIANÇAS E FUNCIONÁRIOS NA ESCOLA:Crianças que apresentam febre devem ficar em casa durante 24 horas depois que a febre passar (ou conforme a orientação do pediatra), lembrando que a regressão da febre é considerada em crianças que não tomaram remédio para essa baixar a febre neste período.
Também devem ficar em casa as crianças que não estejam se sentindo bem o suficiente para participar de atividades.
A gestão escolar poderá decidir junto com os pais o afastamento da criança das atividades escolares, se o cuidado desta criança comprometer o cuidado de outras da mesma turma (alimentar essa criança com feridas na região da boca poderá ser um cuidado difícil de gerenciar na unidade escolar).
Adultos com febre ou que não se sintam bem o suficiente para prestar cuidados ou realizar atividades educativas também devem ficar em casa.
Crianças que apresentam bolhas abertas não devem comparecer a escola (geralmente levam 7 dias para que essas bolhas sequem).
ATENÇÃO:
O afastamento da criança da escola não reduzirá a propagação da doença mão-pé-boca, porque as crianças podem espalhar o vírus mesmo que não tenham sintomas e o vírus pode estar presente nas fezes por semanas após os sintomas terem desaparecido.
O Pediatra poderá orientar os familiares sobre o momento do retorno na unidade escolar.
Não temos indicação de Afastamento Total da turma.
RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES PARA PREVENÇÃO DA DOENÇA PÉ-MÃO-BOCA NO AMBIENTE ESCOLAR:
Para evitar a transmissão é de extrema importância medidas de higiene, como:
Manter as unhas das crianças sempre curtas (orientar os pais quando necessário).
Evitar compartilhamento de brinquedos (dentro do possível).
Ensinar as crianças a cobrir a boca e nariz quando espirrar e tossir e usar papel (se possível), e se não estiver disponível utilizar a manga da blusa para cobrir essa região.
Ensinar as crianças a lavar as mãos antes após tossir/espirrar, utilizar o banheiro e antes das refeições.
Higienização diária de brinquedos coletivos:
Após utilizados colocar em um recipiente com água e sabão por 10 minuto
Depois colocar em outro recipiente apenas com água por 10 minutos
Deixar secar espontaneamente sobre uma superfície forrada com papel
Após o brinquedo secar borrifar com álcool 70%
Só retornar à utilização após evaporação completa do álcool.
Evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal como toalhas, pentes, talheres, copos e outros.
Na unidade escolar, envie diariamente as roupas – toalha e lençol – para os pais e solicite a substituição por roupas limpas sempre que possível (evite armazenar as roupas na escola durante este período). Se não for possível enviar as roupas diariamente para os pais, armazene em caixa tampada individual para cada aluno e proceda a higienização regular dessas caixas com água e sabão e álcool 70%.
Intensificar a limpeza dos ambientes escolares, principalmente de maçanetas, alças dos armários, torneiras, porta-papel, brinquedos, trocadores, bebedouros e computadores.
Todos os cuidados devem ser transmitidos às famílias para que os mesmos sejam realizados em casa.
REFERÊNCIAS:
RODRIGUES, A. H.; LIMA, V. Doença mão-pé-boca: o que é e como prevenir.
Revista Crescer, 2016.
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Hand, Foot & Mouth Disease: Parent FAQs.
Healthy Chindren Org, 2016.
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Reducing the Spread of Illness in Child Care.
Healthy Chindren Org, 2017.
FEAPAES. Federação das APAE´s de São Paulo. Você sabe o que é síndrome mão-pé-boca?
FEPAES, 2014.
OBINSON, C.R.; DOANE, F.W. & RHODES, A.J. – Report of an outbreak of febrile illness with pharyngeal lesions and exanthem: Toronto, summer 1957; isolation of group A Coxsackie virus.
Canad. med. Ass. J., 79: 615-621, 1958.